Willian Barille, conhecido como o “concierge do PCC”, é acusado de liderar uma das maiores redes de tráfico internacional de drogas ligadas ao Primeiro Comando da Capital (PCC). Preso desde janeiro após se entregar à Justiça, ele foi apontado pelas investigações da Polícia Federal como um facilitador das operações da facção criminosa, tendo conexões diretas com a máfia italiana. Estima-se que ele tenha movimentado cerca de R$ 2 bilhões no sistema financeiro brasileiro por meio de lavagem de dinheiro.

O Tráfico Aéreo: Como as Drogas Chegavam à Europa
De acordo com a Polícia Federal, Barille utilizava aviões particulares para enviar grandes carregamentos de cocaína à Europa. Um dos voos identificados saiu de São Luís, no Maranhão, com destino à Bélgica. Durante a decolagem, o piloto relatou dificuldades devido ao peso da carga, e Barille ironizou a situação em mensagens apreendidas pela polícia.
A aeronave interceptada transportava quase uma tonelada de cocaína escondida em compartimentos secretos, incluindo o assoalho, bagageiros e debaixo das poltronas. Essa técnica de ocultamento é comumente utilizada por facções criminosas para burlar a fiscalização aeroportuária.
Monitoramento e Investigação da Polícia Federal
Desde 2020, a Polícia Federal, em conjunto com o Ministério Público e autoridades italianas, monitorava as atividades de Barille. O rastreamento foi possível graças a um aplicativo de comunicação criptografada chamado SKYECC, utilizado pelos integrantes da rede criminosa para trocar mensagens de forma anônima.
Durante as investigações, as autoridades descobriram que Barille possuía nove empresas que serviam como fachada para a lavagem de dinheiro do tráfico de drogas. Ele também era sócio de Edmilson de Meneses, conhecido como Grilo, outro membro do PCC que morreu em 2023. Juntos, enviavam cocaína para a Europa através do porto de Paranaguá, no Paraná.
Apreensões e Queda do “Concierge do PCC”
Em dezembro de 2020, dois carregamentos de cocaína ligados à operação foram apreendidos: um com 500 kg e outro com 322 kg. Além disso, os investigadores descobriram um plano de Barille para auxiliar Gilberto Aparecido dos Santos, o “Fuminho”, um dos principais aliados de Marcos Camacho, o “Marcola”, líder do PCC.
Em dezembro do ano passado, a Polícia Federal realizou uma operação com mandados de busca e apreensão em 31 endereços associados a Barille, incluindo sua mansão em um condomínio de luxo na Grande São Paulo e uma casa em Florianópolis.
Após passar mais de um mês foragido, ele se entregou e ficou à disposição da Justiça. Sua defesa nega todas as acusações, alegando que ele desconhece o uso do aplicativo SKYECC e nunca participou de atividades criminosas.
Conclusão
O caso de Willian Barille evidencia a complexidade das redes de tráfico internacional e o impacto do crime organizado no Brasil e no mundo. Com o avanço das investigações, as autoridades seguem atuando para desmantelar esquemas que movimentam bilhões e afetam a segurança global.